A parábola do Pink e Cérebro - texto de Alex Lira
Os
estúdios da Warner Bros. em parceria com o famoso cineasta Steven
Spielberg, criaram a alguns anos um desenho animado curioso, “O Pink e o
Cérebro”. O desenho narra as aventuras de dois ratos de laboratório,
onde o “Cérebro” é um rato baixinho e com uma gigantesca cabeça, que
além de muito inteligente, também é acometido de uma megalomania
crônica, cujo objetivo diário é “tentar dominar o mundo”, e o seu
parceiro o “Pink” é um rato mais alto que adora se exercitar na sua
gaiola, cuja imbecilidade acaba sempre estragando os planos
maquiavélicos do Cérebro. Eles são parceiros inseparáveis, cujos
interesses convergem apenas no fato que o Pink vê no Cérebro o seu
melhor amigo, e o Cérebro vê no Pink apenas uma “mão-de-obra” barata.
Há
neste desenho animado uma parábola pós-moderna das relações
eclesiásticas, dos interesses que permeiam a cristandade evangélica dos
nossos dias. Mas o que é uma parábola? A parábola é uma forma de contar
uma verdade, utilizando-se de elementos do cotidiano. Essa era a forma
preferida utilizada por Jesus para falar as verdades eternas do Reino de
Deus para as pessoas comuns, de modo que os mais simples poderiam
alcançar a compreensão das suas palavras, e quiçá, os significados
profundos dos seus ensinamentos. Vemos em nossos dias inúmeros exemplos
da megalomania que se apoderou da mente e do coração dos nossos líderes
(nem todos, porém uma grande parte.), dos homens e mulheres que, a
priori, foram chamados para “apascentar” almas, para cuidar de vidas,
para conduzir este povo tão sofrido e sem direção a Jesus, mas em lugar
disto, tornaram-se “empresários” que falam em nome de Deus, como se
tivessem adquirido uma franquia de representação comercial do Reino de
Deus e seus derivados. Por exemplo, se observarmos o nome de alguns
estabelecimentos com a alcunha de “igreja cristã”, notamos claramente a
“síndrome de Cérebro”: “....do Avivamento MUNDIAL” (mesmo que só possua
uma sala e poucos membros!), “.... uma visão MUNDIAL”,
“....INTERNACIONAL de não-sei-o-que”, e por aí vai. Caso você não tenha
notado, a maioria dos logotipos das igrejas tem um globo terrestre com
uma pomba, ou um fogo, ou símbolos cristãos dos mais diversos.
O grande problema disto, não reside apenas no fato da liderança evangélica no Brasil estar preocupada com o tamanho do seu “rebanho” ou na projeção do seu “ministério”, mas nos meios em que estão utilizando para alcançar os seus objetivos (nós não somos discípulos de Maquiavel, sim de Jesus Cristo, caso o tenham esquecido alguns de nossos líderes!). As relações que se estabelecem dentro de muitas igrejas (escrevo com “i” minúsculo, pois refiro-me a instituição e não ao “Corpo de Cristo”) são de uma superficialidade espantosa, onde as pessoas não são a prioridade e sim os números que elas representam, não são constituídos vínculos fraternais autênticos, mas um jogo de interesses, quase um “fast-food” espiritual. Em nome do Reino de Deus, muitos “atropelam” as pessoas, e se esquecem que o Reino de Deus estabelece-se nas (e através das) pessoas, e que sem elas não existe Reino. Na ânsia de “tentar dominar o mundo”, nesta sede pelo poder (e o pior é que o poder religioso estabelece-se em nome de Deus) perdem a essência de sua missão, perdem a essência do seu próprio ser, como já dizia o próprio Jesus: “o que aproveitaria ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” (Mt 16.26a).
Mas e o que dizer dos “Pinks”? Será que algum dia vão perceber a sua própria força e passar a viver sem a tutela dos “Cérebros eclesiásticos”? Estarão eles fadados a serem “massa de manobra” ou a superficialidade dos relacionamentos e os constantes fracassos lhes produzirão uma consciência mais amadurecida? Não tenho respostas. A liberdade assusta, é mais fácil e cômodo viver sob a tutela de alguém, do que andar por fé e de acordo com a consciência que o Espírito Santo gera em nós. Precisamos uns dos outros sim, porém estas relações de poder destituídas de amor e amizade, só servem para criar “castas espirituais” adoecer a nossa alma.
A diferença entre esta parábola da vida eclesiástica moderna e o nosso futuro como Igreja, reside no propósito e no roteiro escrito pelos autores. “Deus não joga dados” declarou Albert Einstein, encontrando no Universo um propósito em sua ordem, e além de um propósito a Bíblia declara que “Deus é amor” (I Jo 4.16). Creio de todo meu coração que vale a pena continuar a crer na igreja, como um projeto que dignifica o ser humano, e como expressão de comunhão entre os salvos, e também como agente de implantação dos valores éticos do Reino de Deus. Creio ser possível servirmos a Deus, enquanto servimos ao próximo, porque somente assim, através do amor não fingido e do serviço desinteressado, é que seremos conhecidos como discípulos de Cristo (Jo 13.35).
Continuemos seguindo a Jesus, que não precisa “tentar dominar o mundo”, pois n’Ele, por Ele e para Ele é que existe todo o Universo.
O grande problema disto, não reside apenas no fato da liderança evangélica no Brasil estar preocupada com o tamanho do seu “rebanho” ou na projeção do seu “ministério”, mas nos meios em que estão utilizando para alcançar os seus objetivos (nós não somos discípulos de Maquiavel, sim de Jesus Cristo, caso o tenham esquecido alguns de nossos líderes!). As relações que se estabelecem dentro de muitas igrejas (escrevo com “i” minúsculo, pois refiro-me a instituição e não ao “Corpo de Cristo”) são de uma superficialidade espantosa, onde as pessoas não são a prioridade e sim os números que elas representam, não são constituídos vínculos fraternais autênticos, mas um jogo de interesses, quase um “fast-food” espiritual. Em nome do Reino de Deus, muitos “atropelam” as pessoas, e se esquecem que o Reino de Deus estabelece-se nas (e através das) pessoas, e que sem elas não existe Reino. Na ânsia de “tentar dominar o mundo”, nesta sede pelo poder (e o pior é que o poder religioso estabelece-se em nome de Deus) perdem a essência de sua missão, perdem a essência do seu próprio ser, como já dizia o próprio Jesus: “o que aproveitaria ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” (Mt 16.26a).
Mas e o que dizer dos “Pinks”? Será que algum dia vão perceber a sua própria força e passar a viver sem a tutela dos “Cérebros eclesiásticos”? Estarão eles fadados a serem “massa de manobra” ou a superficialidade dos relacionamentos e os constantes fracassos lhes produzirão uma consciência mais amadurecida? Não tenho respostas. A liberdade assusta, é mais fácil e cômodo viver sob a tutela de alguém, do que andar por fé e de acordo com a consciência que o Espírito Santo gera em nós. Precisamos uns dos outros sim, porém estas relações de poder destituídas de amor e amizade, só servem para criar “castas espirituais” adoecer a nossa alma.
A diferença entre esta parábola da vida eclesiástica moderna e o nosso futuro como Igreja, reside no propósito e no roteiro escrito pelos autores. “Deus não joga dados” declarou Albert Einstein, encontrando no Universo um propósito em sua ordem, e além de um propósito a Bíblia declara que “Deus é amor” (I Jo 4.16). Creio de todo meu coração que vale a pena continuar a crer na igreja, como um projeto que dignifica o ser humano, e como expressão de comunhão entre os salvos, e também como agente de implantação dos valores éticos do Reino de Deus. Creio ser possível servirmos a Deus, enquanto servimos ao próximo, porque somente assim, através do amor não fingido e do serviço desinteressado, é que seremos conhecidos como discípulos de Cristo (Jo 13.35).
Continuemos seguindo a Jesus, que não precisa “tentar dominar o mundo”, pois n’Ele, por Ele e para Ele é que existe todo o Universo.
Alex Lira.
In: Resgatando a Verdade.
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